quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Ser Errante

Por favor, ouça-me!

A razão precisa ser ouvida.

Admito! Sou um ser humo, um ser errante como outro qualquer. Mas, faço de tudo para concertar minhas tonterias, para que isso viesse acontecer, resguardei-me por algum tempo e tomar coragem para enfim, tomar uma decisão concreta. Não foi fácil para mim, mais foi libertador, ao menos pude sair dessa prisão de infinitas culpas. E o meu grande dia, chegou, eis o momento de enfrentar aquele, que não deseja escutar a minha voz, assim, eu penso.

Pego o elevador do prédio onde moro, para ir ao orelhão mais próximo de casa, para fazer a importante ligação, e livrar-me de uma vez por todas, desse tirano incomodo, ao colocar as fichas compradas no armazém, dirijo-me ao telefone, dando início a minha coragem, coração acelerado, as mãos suavam muito, resultado: estava deveras nervosa. 

O telefone do número discado, fazia o som diversas vezes: tu-tu-tu-tu, e nada da pessoa atender-me, quando a chamada ia cair, ouço aquela voz tristinha dizendo: Alô! Fiquei em silêncio por alguns longos segundos, de repente o mocinho fala: Quem é? Desejas falar com quem? Se não falar, irei desligar. Meu desespero foi enorme e respondi: Não desligue por favor....

Antes de mais nada, quero que me escutes, não diga uma só palavra, apenas escute o que tenho para lhe dizer, quem precisa desabafar, não é o meu lado emocional e sim o lado da razão. Faz tanto tempo que estamos separados, distanciados um do outro, me senti necessidade de procurá-lo, de poder conversar como dois adultos que somos, afinal, sempre resolvemos nossas indiferenças não é mesmo?

Serei muito breve, não tomarei sua atenção, sei, que daqui a pouco sairás para trabalhar, mas por favor me ouça. Estou a te ligar, para tão somente, pra me abrir contigo, de como tenho me sentindo mal com tudo isso, lhe darei total razão para pensar inúmeras coisas de mim, antes de qualquer coisa, apenas me ouça, é o que peço.

Sou um ser errante arrependida, concordo que não deveria ter feito aquela covardia contigo, mas pense, eramos jovens demais para assumir responsabilidades, eu queria viver um pouco mais. Claro, não justifica ter fugido, poderia ter enfrentado a situação de frente, ter sido corajosa, mas não, como disse: era muito jovem, não sabia o que ali estava fazendo. Venho, em nome de nossas boas lembranças, em nome de tudo que vivemos durante alguns anos juntos: Me perdoa?

Pilar Mariosa Bastos 

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