Na opinião da Autora Marilena Chauí, a ideologia se exprime numa teoria do conhecimento espontânea, formando o senso comum da sociedade. A autora fala que, podemos imaginar explicações e justificativas para a realidade tal como é diretamente percebida e vivida por todos nós.
Seu senso comum aparece justamente no caso da explicação da pobreza, como por exemplo que: Pobre é pobre e por sua própria culpa eles são preguiçosos e ignorantes, são pessoas que não gostam de trabalhar e que vivem nas ruas pedindo esmolas, são pessoas que não querem ter oportunidades na vida, quer dizer: ou por sua vontade divina ou por inferioridade natural.
Esses pensamentos na verdade, é o resultado de uma elaboração intelectual da sociedade, feitas pelos pensadores ou intelectuais da nossa sociedade: Sacerdotes, filósofos, cientista, professores, jornalistas, artistas e escritores que descrevem e explicam horrivelmente este ponto de vista da classe que as pertence e que é classe dominante da nossa sociedade. Essa intelectualidade foi elabora e incorporada pelo senso comum que é chamada de ideologia.
O ponto de vista, as opiniões e as idéias das classes sociais, são dominantes e dirigentes tornando-se o ponto de vista das classes sociais a opinião de toda a sociedade. A principal função da ideologia é ocultar e dissimilar as divisões sociais, políticas, econômicas, dando-nos a aparência de divisão e de diferenças classes sociais que hoje vivemos claramente em nosso país.
A indivisão social nos leva a crer que somos todos iguais porque participamos de idéias da humanidade, ou da idéia de nação, raça, nação e pátria.
As diferenças sociais nos leva a crer em desigualdades sociais sendo elas econômicas ou políticas, mas essas divisões sociais não são produzidas e sim são diferenças individuais dos talentos e de capacidades da inteligência e da força de vontade maior ou menor.
A produção da ideológica da ilusão social, tem a finalidade de fazer com que todas as classes sociais aceitem condições em que elas vivem e julgando-as naturais, normais e corretas sem transformá-las ou conhecê-las. A ideologia, afirma que todos nós brasileiros somos cidadãos e portanto não podemos fazer pré-julgamentos, todos nós temos direitos sociais, econômicos, políticos e culturais.
Um exemplo vivo disso são as crianças, os idosos que não tem direito algum. Os direitos culturais das nossas crianças são incumbidas, escondidas e muito menos aceita por cidadãos brasileiros. Os ensinos das escolas públicas é inferior aquelas escolas particulares que dão condições melhores para as crianças aprenderem melhor. O ensino dessas duas escolas são completamente diferentes, não tem a mesma qualidade, as crianças negras, os índios e os homossexuais são discriminados e perseguidos.
Porém acreditamos em que sermos eleitores,pagar as dívidas e contribuir com os impostos já nos faz cidadãos, e não consideramos as condições que poderiam ser concretas que faziam de alguns serem mais cidadãos do que os outros.
O procedimento da ideologia é o resultado, em primeiro lugar, ela opera a inversão, isto é, coloca os efeitos no lugar das causas e transforma o inconsciente numa fabrica de imagens e sintomas de idéias e falsas causalidades.
O senso comum social afirma que nós mulheres somos um ser frágil, sensitivo, intuitivo, fomos feitas para a vida doméstica para cuidarmos de nossos maridos e filhos, nós mulheres não tínhamos espaço no mercado. Podemos ver que no século XX e XXI, as mulheres conquistaram seus espaços, conquistando lugares masculinos, como por exemplo: podemos ser chefe de família, podemos ser Presidentes, Chefe Militar, mas a função reprodutora das mulheres de hoje tornou-se imprescindível, trazendo como conseqüência a sua designação prioritária para a maternidade.
As condições sociais estabelecidas era preciso em primeiro lugar persuadir as mulheres dizendo que seus lugares e suas funções não provinham do modo organização social, mas sim de natureza que eram excelentes e desejáveis. Então montou uma ideologia do ser feminina e da sua função feminina, assim como naturais e não como históricos e sociais. Observa-se uma vez implantada uma ideologia, possamos a tomar os efeitos causados por elas.
A segunda maneira é operar a ideologia como uma produção imaginário social, através da nossa própria imaginação reprodutora, recolhendo as imagens diretas e imediatas da experiência social transformando-se num conjunto coerente, lógico e sistemático de idéias que funcionam como dois registros:
1.Representações da Realidade: é aquele sistema explicativo ou teórico.
2. Normas e Regras: é aquele sistema que prescreve de normas e valores.
A ideologia assegura modos de entender a realidade e de como se comportar nela ou diante de toda uma sociedade eliminando dúvidas, ansiedades, angústias admirações ocultando as contradições da vida social. Temos então um terceiro modo de operar a nossa ideologia que é o silêncio, um imaginário social que se parece muito com uma frase onde nem tudo é dito, nem pode ser dito.
A coerência e a unidade do imaginário social (silêncio) vêm portanto do que é silenciado ( e sob esse aspecto a ideologia opera exatamente no consciente descrito pela psicanálise. O que está sendo silenciado pela ideologia?
Podemos numerar o que está sendo silenciado pela nossa ideologia social e podemos ver os motivos pelos quais em nossa sociedade silencia tanto assim: O vínculo entre o sexo e a procriação é tão importante.
Assim sendo, por exemplo, o adultério e a perda da virgindade são perigosos para os capital e para transmissão legal da riqueza e por isso, o primeiro se torna crime e a segunda é valorizada como virtude suprema das mulheres jovens.
Portanto a procriação é considerada fundamental para o aumento da capaital que precisa da mão de obra, por este motivo, toda sexualidade que não se realizar com finalidade reprodutiva será considerada anormal, perversa e doentia, assim como o homossexualismo.
A ideologia, porém, perderia sua força e coerência se dissesse essas coisas e por isso a nossa sociedade se silencia para que ninguém possam saber dessa realidade que já está fazendo parte do nosso convívio.
