quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Poema de Fernando Pessoa

Vaga, no azul amplo solta,
vai uma nuvem errando,
o meu passado não volta.
Não é que estou chorando,
o que choro é diferente,
entra mais na alma da alma.
Mas como no céu sem gente,
a nuvem flutua calma,
e isso lembra uma tristeza,
e a lembrança é que entristece,
dar a saudade a riqueza
de emoção que a hora tece.

Livro: Recados do Coração.

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