Que o vento leve o necessário e me traga o suficiente.
A convicção é o pior veneno que existe, nos faz acreditar, no falso absurdo, instigando-nos em um pré julgamento sem causa. Sendo assim, à justiça para aquela que está sempre correta, esta sendo feita, o absurdo é a prova da sua condenação.
Outro dia, por acaso, fui a cada de minha irmã mais velha Abigail, parecia que algo me levava diretamente até ela. Depois que o marido abandonou-a por causa de seu gênio forte, não suportou e partiu para bem longe, uma pena, agora que mais precisa, está sozinha, ou melhor: "quase sozinha", ela ainda tem a mim, sua irmã caçula Ester. Abigail, mora em um dos bairros mais movimentados da cidade e dos mais caros também, um dos lugares bem acentuados na verdade.
Era meados dos anos 80, eu era muito pequena quando tudo realmente aconteceu! Bartolomeu Montserrat, decidiu jogar tudo pro alto, foi embora levando tudo aquilo que lhe pertencia, sem olhar para trás, sua paciência havia esgotado-se, não aguentava mais tanto egoísmo e falta de compreensão de minha irmã. Quando meu cunhado se foi, deixou Abi sozinha com dois filhos pre-adolescentes: Fausta Maria de 10 anos e Lucas Antônio de 12 anos.
Por causa deste abandono, as crianças foram morar com nossos pais, a mãe pouco se importava com seus filhos e com suas presenças, fazendo-os afastar cada vez mais de Abigail, uma triste situação provocada por ela mesma, depois disso: a vida começou a cobrá-la de maneira muito impiedosa e dolorosa, uma solidão sem fim.
Ao chegar em sua casa naquele dia, minha irmã estava sentada na varanda de sua casa, aprecia saber que estava para chegar, e ao ver-me, disse-me: "Ester"! Num tom de surpresa e muito alegre com minha presença e continuou a falar muito emocionada: "Que bom vê-la! Quanto tempo não vem vistar-me". Naquele momento, pensei comigo, o que está acontecendo? Estive aqui ontem mesmo, será que a solidão está fazendo mau a ela?
Depois que Bartolomeu a abandonou, seus filhos foram morar com nossos pais, e nunca mais a procurou, Abigail, jamais foi a mesma. Algum tempo depois, suas proles, ficaram sabendo por mim a real situação de sua mãe, resolveram escutar os nossos conselhos e de coração aberto perdoaram-na e assim começaram a visitá-la.
Quietinha e sem fazer muito alarme, falei que ia fazer uma ligação para o Hospital que trabalhava, para avisar que ficarei esta semana aqui com ela, sendo que na verdade, a ligação era para nossos pais, comunicando a minha decisão. Desde então, conversei com Gisela, pedi para ajudar-me em nossa casa, pois a nossa irmã mais velha precisava de muita ajuda.
Enquanto eu estiver por aqui, enquanto estiver ao seu lado, jamais a abandonarei, farei de tudo para que possa melhorar, para que possa estar bem. Eu acredito no agir de Deus, com ele podemos tudo, por isso confio em seu poder! Ester.
Pilar Mariosa Bastos
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