O uivo do vento silencia as palavras para que não sejam ditas.
Silencio minha voz para dar vez o grito uivante do meu amigo vento, só não imaginava, por quanto tempo permaneceria, desde então tornei-me sua prisioneira incessante, a companhia mais fiel que ele pode ter. Vivo distante de tudo, nem sequer apareço do lado de fora, quando tento ao menos ver o que está acontecendo, fica mal humorado e começa a uivar como um lobo raivoso.
Pergunto-me, como pode ser tão incoerente? Querer aprisionar-me por um tempo indeterminado, não mudará meu pensamento em relação a ele, mas, como sabe que sou muito teimosa, aparece de surprezinha dando aquele certo intimato: "Eu faço parte dessa natureza, sou irreverente, ousado, quando decido me revelar, não tem para ninguém, todos me respeitam por ser quem sou."
Novidade, como já não soubesse de como meu amigo és, revelador, irreverente, ousado, o que para mim não é tão surpreendente assim, o que não fazia ideia, era de como tornou-se exibido. De uma forma ou de outra, a certeza que tenho dessa figura invisível, adora assustar a todos com seu grito, entro em contradição ao escutar o sopro do vento...
Há tantas e tantas maneiras de surpreender alguém, tinha que ser da pior forma? Porque essa tal indelicadeza? O que fiz para você me diz? Em minhas memoráveis lembranças, só falei muito bem de ti, todos esses anos, a amizade entre nós sempre foi a mesma, nunca mudou uma vírgula se quer, e o que eu ganho com isso tudo? Tornou-me prisioneira de um capricho seu, trancou-me nesta casa sem direito a sair.
Amor e carinho, em minhas ternas palavras tão sinceras, jamais as distorci, sempre as ressaltei com muito orgulho, não tenho motivos ou razões para fazê-lo, porém, desejo aqui questionar mais uma vez: Vento, meu querido, depois deste longo desabafo que fiz e como bons amigos, por quanto tempo pretendes ficar conosco?
Pilar Mariosa Bastos
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