sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Rasgando Verbo

Não deixo nada pra depois


Faça de conta que não falou nada, que eu finjo que não escutei.

Ôh Trombeta! Passa aqui mais tarde na hora do fechamento, precisando conversar um pouco, naquele mesmo horário pode ser? Valeu irmão, sei que posso contar contigo sempre, e ó, tira essa roupa feia aí, por que nós vamos acampar lá na lagoa, prepara tudo: vara de pescar, barraca, repelente, tô necessitado dessa vibe.
Vida difícil essa nossa né? Não entendo como existem pessoas que não se emendam? Olha, vou te contar, estou abestalhado com o que aconteceu lá na venda, é cada coisa que escuto, que fico virado na serpente.

Mano, se liga nessa quebrada muito louca de hoje. Véi, acabei de escutar a maior asneira lá na venda do pai. Acredito que a pessoa foi muito infeliz em me dirigir aquelas palavras, só não respondi a altura porque tenho um enorme respeito pelo meu velho, o Sr. Lalau, o quitandeiro mais famoso do bairro Pedregulho, e poderia dar razão ao novo vizinho que me chamou de malandro que detesta labutar, e o que eu estava fazendo ali, responde?

Tudo começou com a chegada do Sr. Vidigal, foi fazer a boa praça lá na venda, estava começando a colocar as caixas de frutas e legumes para dentro, quando o "amigo indiscreto" apontou na porta. Veio cheio de graça, contando vantagens, e com mó cara feia pro meu lado, me chamando de malandro que não gosto de trabalhar, pegar duro mesmo no trampo, esse senhor é meio louco, será que trabalhar para ele é só ficar sentado atrás de uma mesa assinando papéis como ele próprio citou? Quer dizer que meu pai não tem trabalho digno é isso? Ah...Trombeta, fiquei fula da vida, mas como disse: por respeito ao meu velho, fiquei quietinho, senão o engomadinho ia escutar e muito. ah se ia!

Trombeta, olha só: Não pisa no meu calo ferido não, se não vai escutar até o que não deve. Nem todo malandro tem fama de ficar a toa não, e muito menos desocupado, existem muitos malandros por aí que trabalham arduamente para ajudar sua família, digo e repito amigo Trombeta, aquele que não nos admira: Sai da reta mano, vai se aborrecer a toa pra que? Evita! Tito

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